Pelo menos 222 pessoas nascidas no Brasil foram batizadas em homenagem a Pelé
Levantamento da Arpen-Brasil feito a pedido da TV Globo identificou homônimos do Rei do Futebol em 16 estados brasileiros. Maioria dos registros é do período entre 1970 e 1979.

Em 2009, Edson Arantes dos Reis ficou cara a cara com Pelé em uma feira de calçados em Franca, no interior de São Paulo. No meio da comoção, conseguiu uma rápida entrevista e revelou a origem de seu nome.
“O que me chamou a atenção é a simplicidade dele, a humildade. O cara ganhou o mundo, era reconhecido em todos os lugares, a gente ouve a história de que ele parou guerras, e aí eu falo pra ele: ‘Eu chamo Edson Arantes em sua homenagem’, e ele se emociona, quase chora”, conta o jornalista francano.
Quase 40 anos antes, em 1972, seu pai, um santista fanático pelo Rei do Futebol, saiu de casa dias após o nascimento do primeiro filho homem com uma única tarefa: registrá-lo no cartório com o nome Carlos Henrique.
“Minha mãe e minhas irmãs mais velhas já tinham conversado, combinado, gostavam do nome. E só ficaram sabendo que eu passei a me chamar Edson Arantes quando viram o registro depois que meu pai voltou do cartório”, conta o homônimo do Rei.
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Edson Arantes (dos Reis) à esquerda, ao lado do Edson Arantes (do Nascimento) à direita, em foto tirada em 2009 em Franca, Interior de São Paulo, quando Pelé participou da feira de calçados e deu entrevista ao seu xará — Foto: Arquivo pessoal/Edson Arantes dos Reis
Mais de 200 homenagens
Assim como ele, desde a década de 1960, pelo menos 222 pessoas foram batizadas em homenagem ao Edson Arantes do Nascimento nascido em 23 de outubro de 1940 e que morreu na última quinta-feira (29), aos 82 anos.
Os dados são de um levantamento da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) feito a pedido da TV Globo.
Os cartórios brasileiros são obrigados a notificar à associação todos os registros de nascimento desde 1973, mas pelo menos 75 desses registros, que têm notificação facultativa, foram feitos entre 1964 e 1972.
Os homônimos foram encontrados em 16 estados brasileiros, principalmente em Minas Gerais (69), São Paulo (66), Paraná (39) e Pernambuco (20):
No total, os registros foram feitos em 176 municípios diferentes:
Maioria se chama ‘Edson Arantes’
A maioria dos homônimos recebeu algumas combinações do nome “Edson Arantes” com ou sem outros sobrenomes, e representam 76% do total.
Mas há ainda quem leva o nome completo dele, “Edson Arantes do Nascimento”, e outras 21 pessoas, até mesmo mulheres, que ganharam o nome Pelé entre o prenome e o sobrenome.
O período com o maior número de registros foi justamente nos anos 1970, quando Pelé, já com mil gols contabilizados na carreira, ajudou a trazer o tricampeonato mundial para o Brasil, se aposentou da Seleção Brasileira e trocou o Santos pelo Cosmos, nos Estados Unidos, onde encerrou a carreira de jogador, em 1977.
Os dados mostram que 60% dos homônimos encontrados no levantamento, 133, foram registrados entre 1970 e 1979. Só no ano do Tri foram 30 registros.
Cartório barrou ‘do Nascimento’
De acordo com o levantamento, Edson Arantes de Medeiros, de Itapecerica da Serra, foi o primeiro de 30 batizados em homenagem ao Rei em 1970: ele nasceu em 17 de janeiro daquele ano. A mãe, dona Santina, lembra que o pai dele, Ezequias, até tentou ir além: “Quase que vai ‘do Nascimento’, mas acontece que o cartório lá [disse:] Não, não pode isso”, lembra ela, que desde a gestação não teve escolha sobre o nome do filho.
Fonte:https://g1.globo.com